A Morte e o Luto

"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." Antoine de Saint-Exupéry in O Principezinho

Nos últimos dias, vivenciei um evento emocionalmente marcante, com a morte da minha irmã.

Ela sempre foi uma das pessoas mais importantes da minha vida e, cuja convivência diária, me foi “roubada” no dia em que a nossa mãe faleceu (já que somos irmãs apenas por parte de mãe) faz 33 anos já no próximo dia 26. Para além de minha irmã era minha madrinha, minha comadre, minha amiga, minha confidente e um pouquinho de minha mãe, uma vez que a nossa diferença de idades me permitia ser a “caçula” da casa.

A sua morte foi bastante inesperada e rapidamente se instalou a revolta dentro de mim e, quando todos me pediam calma e força eu contrariei e permiti-me sentir, viver e expressar tudo aquilo que me vai na alma.

Neste momento, sinto-me triste e muitas vezes dá-me uma vontade enorme de pegar no telemóvel e lhe ligar para saber como estão as coisas e como é que ela está… Vou-me permitir estar triste, por uns tempos, pois sei que, aquele aspeto físico que estava habituada, nunca mais o vou ver! Mas tenho a certeza que irei continuar a vê-la, ouvi-la e senti-la de outras várias formas e que, para isso, basta estar atenta e não viver em “piloto automático“. Mas dói… dói muito!!! A dor da perda, é uma dor indescritível e imensurável e que, apenas quem passa pelo processo, entende o que se sente!

Suprimir as emoções, nestas situações, não só não é benéfico como poderá trazer consequências, a longo prazo, para as relações e para o nosso organismo, já que afeta o nosso sistema imunitário ficando mais propensos a contrair uma série de problemas de saúde.

Várias coisas fui aprendendo nos últimos anos e não fazia sentido nenhum não colocar em prática aquilo que defendo e que partilho com as pessoas!

Fases do Luto

Durante os últimos dias, muitos foram os pensamentos que invadiram a minha mente e qual a aprendizagem, que este evento me traria! Sei que a resposta não é imediata e que só virá com o tempo!

Também comecei a pensar um pouco mais sobre a Morte e o quanto ninguém nos prepara para estes momentos. Sim, todos sabemos que este momento faz parte da lei natural da vida. Tudo neste planeta nasce, cresce, reproduz e morre. Mas ninguém nos prepara para o momento mais doloroso – o da morte, da perda, da ausência física.

Deparei-me a analisar as várias fases pelo qual todo o ser humano passa, em torno deste tipo de evento:

1- Negação – é a fase em que a pessoa não acredita na notícia que lhe estão a dar, de que deverá ser um engano. Esta fase pode demorar minutos ou até mesmo anos.

2- Raiva/revolta – fase bastante delicada, podendo haver atitudes desagradáveis, já que é um sentimento que varia em intensidade e frequência. Muitas vezes, aliado à raiva há sentimentos de medo, dor, culpa e sensação de injustiça.

3 – Promessa – por vezes, nesta fase é quando tentamos fazer um pacto para que aconteça um milagre e que as coisas fiquem como eram antes.

4 – Tristeza – esta é uma fase de muito sofrimento e é aqui que a pessoa chora, se isola, repensa sobre a vida e sobre a falta, que a pessoa que morreu, fará na sua vida.

5- Aceitação da perda – nesta fase o sofrimento já está mais suavizado, há uma perceção mais congruente, facilitando a aceitação da perda e possibilidade de reação.

Passos para lidar com as Emoções

Para que consigamos chegar à última fase, serão necessários os seguintes passos para lidar com as emoções:

1 – Reconhecimento da dor – reconhecer que é normal sentirmos tristeza, revolva, raiva e frustração.

2 – Permitirmo-nos ser vulneráveis – exteriorizar a nossa dor e permitirmo-nos sofrer.

3 – Ressignificar os pensamentos negativos, o evento propriamente dito e recordar os bons momentos.

4 – Resiliência sabendo que a pessoa que partiu jamais será esquecida, e que mesmo não estando junto de nós fisicamente, gostaria que seguíssemos em frente e que continuássemos a nossa jornada com fé de que um dia voltaremos a encontrarmo-nos.

Consequências Luto Crônico

Para que todo o processo de luto não seja muito penoso e se torne crônico, é necessário que a pessoa não fique demasiado tempo em cada uma das fases. Acontece muita vezes, que grande parte das pessoas ficam demasiado tempo na fase quatro e a tristeza torna-se numa tristeza profunda que se transforma em doença, afetando toda a sua vida, o seu trabalho, bem-estar e os relacionamentos, podendo levar a:

  • Depressão;
  • Transtornos de ansiedade;
  • Distúrbios do sono;
  • Aumento do risco de problemas cardíacos e pressão arterial alta;
  • Abuso de álcool e outras substâncias.

Dicas

Perder alguém de quem se ama muito é uma dor que não se consegue explicar! Mas é muito importante, encontrar formas para lidar com a perda e ultrapassá-la para que a vida continue! Com o tempo transformar dor em saudade e GRATIDÃO pela convivência, por todos os momentos passados e pelos ensinamentos que aquele ser de luz nos trouxe.

Para evitar que a tristeza se torne crônica:

1 – Fala com alguém que confies, sobre os teus sentimentos, sobre a tua dor. Ao mesmo tempo que te faz bem, também ajuda a assimilar melhor aquilo que se está a passar. Podes também usar a escrita como forma de exteriorizar a tua dor.

2 – Apoia-te em amigos e família e não te isoles, pois lá iremos buscar força para viver melhor com a perda e com a dor e é uma maneira de extrair algo de bom do sofrimento.

3 – Sê autocompassivo e imagina-te no lugar de outra pessoa que perdeu um ente querido e que, sem julgamentos, dás apoio, carinho, amor… faz tudo isso a ti próprio.

4 – Pensa no que, a pessoa que perdeste, desejaria para ti e honra esse desejo. De certeza que ela desejaria que não estivesses a sofrer e que fosses feliz! Por muito que te custe no inicio, tenta, ao longo do tempo, fazer com que esse desejo se torne realidade.

5 – Caso não consigas ultrapassar este processo sozinho, é importante que procures ajuda especializada.

Outras situações de Perda

Este processo de Morte e Perda não se dirige única e exclusivamente a situações de falecimento, também se enquadram situações de divórcio, doença, afastamento de pessoas e até mesmo situações connosco próprios, quando nos permitimos largar vários pesos que nos ligam a situações passadas e que nos fazem sofrer e decidimos RENASCER para uma nova vida.

Temos que ter a capacidade de avaliar em que fase nos encontramos e permitir-nos chegar à fase de aceitação onde, a leveza trará aos nossos corações o sentimento de AMOR e tudo correrá da melhor maneira possível.

Quando trabalhamos a nossa parte mais espiritual, ganhamos a capacidade de mais facilmente, conseguirmos comunicar com a alma de quem já não está fisicamente connosco, mas que continua a estar presente na nossa vida.

Solução

Formas que devemos adotar para continuar em contato com os nossos entes queridos:

  • Coragem;
  • Mente aberta e recetiva;
  • Aprender a silenciar a mente;
  • Estar atento aos sinais.

Quando fazemos isto, na realidade estamos recetivos a continuar a receber todas as mensagens que eles têm para nós!

Pelo menos EU ACREDITO NISSO!

Enquanto houver esperança, de que um dia estaremos novamente juntas, é manter viva a chama do Amor que nos une.

Diana Pinto

Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.

Amado Nervo

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Diana Pinto

Diana Pinto

Ajuda pessoas que se sentem cansadas emocionalmente a terem uma vida mais equilibrada, tranquila e FELIZ no seu dia-a-dia.

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